quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

CHAVES DA IDENTIDADE E DA MISSÃO DA IGREJA - JOÃO 13:1-35

INTRODUÇÃO: Em apenas uma ocasião ao longo de meu chamado pastoral tive de pregar um “sermão de despedida”. Foi na Nona Igreja em dezembro de 1999. Confesso que não foi fácil, pois tem de conter palavras de encorajamento e de preparo para o futuro.

F.T: João 13 a 17 é a “mensagem de despedida” de Jesus para seus discípulos, culminando com uma oração intercessora (João 17). E o lava-pés foi uma aplicação prática dessa mensagem, além de uma lição que eles jamais esqueceriam.

PROPOSIÇÃO: “A CHAVE DA IDENTIDADE E DA MISSÃO DA IGREJA ESTÁ REPRESENTADA NO LAVA-PÉS:

1. A PRIMEIRA CHAVE DA IDENTIDADE DA IGREJA É O AMOR(v 1 a 5).
- Todo início de ano é ocasião oportuna para priorizarmos o mais importante, a fim de não nos perder naquilo que é periférico. No culto do dia 31/12, por ocasião da passagem de ano, falei sobre 2Tm 2:15: (1) Deus é mais importante que o homem; (2) O caráter é mais importante que o carisma; (3) A Palavra é mais importante que a experiência. No culto do dia 03/01, primeiro culto do ano, falei sobre “A Mulher Cananéia” de MT 15:21-28, que nos inspira a cultivar dois elementos de uma fé madura: (1) Perseverança em meio às dificuldades; (2) Humildade em meio a confrontação.

- Hoje eu quero compartilhar sobre algo que julgo ser mais do que importante, algo que julgo ser essencial na construção de nossa própria identidade: o amor! Amor que foi encarnado de forma perfeita em Jesus Cristo. Amor que faz parte da própria essência de Deus, pois Deus não tem amor, mas Ele é amor!

ILUSTRAÇÃO: Certa vez, em uma de suas palestras, Karl Barth, considerado um dos maiores teólogos do século XX, foi perguntado sobre qual era o pensamento teológico mais profundo que ele já teve. Ao que respondeu: “Jesus me ama, pois a Bíblia assim o diz”.

- João 13 está embebido em amor. O amor de Jesus foi além de qualquer gesto ou sentimento que poderíamos ter. Em sua última reunião com seus discípulos por ocasião da Páscoa, Ele mais uma vez expressou seu maior dom, o amor, através do lava-pés.

HÁ TRÊS DECISÕES QUE JESUS TOMOU PARA VIVENCIAR SEU AMOR, E QUE NÓS TAMBÉM DEVEMOS TOMAR:

1ª. Jesus fez do amor a sua maior prioridade (v 1): “Tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim”.

1.1. Quando o amor é prioridade em nossa vida, ele se apresenta cheio de virtudes: (1) invencível, (2) incondicional, (3) sacrificial e (4) servidor. Foi o próprio Jesus quem testemunhou sobre a sua missão de salvar e não de condenar.

1.2. Quando o amor é prioridade, nós o buscamos em primeiro lugar. Em 1 Co 12, Paulo nos apresenta uma diversidade maravilhosa de dons e talentos concedidos por Deus. Mas, no início do capítulo 13, ele nos apresenta “um caminho sobremodo excelente”, o amor (v 1).

1.3. Quando o amor é prioridade, as pessoas são mais importantes que a estrutura. A estrutura social dizia que o escravo da casa é que deveria lavar os pés dos hóspedes, e não o Senhor e Mestre. O sábado e o templo eram os dois maiores ícones da religião judaica, onde toda a estrutura religiosa girava em torno delas. Mas, Jesus curou no sábado e purificou o templo em amor às pessoas. Charles Swindoll: “O homem deve amar as pessoas e servir-se das coisas”. Jesus disse: “Uma vida vale mais do que o mundo inteiro”. A estrutura deve servir as pessoas e não o contrário.

APLICAÇÃO: Qual foi a sua prioridade em 2009? Passar no vestibular? Completar um novo curso? Arranjar uma namorada? Ganhar mais dinheiro? Comprar uma casa? Ter mais um filho? Se casar? Que em 2010, você possa ter como prioridade o amor!

2ª Decisão: Jesus construiu relacionamentos amorosos.

1. A base do relacionamento de Jesus era o amor. O texto não nos diz que Ele “ensinou até o fim”, que Ele “curou até o fim”, que Ele “exortou até o fim”, que Ele “disciplinou até o fim”, que Ele “os treinou até o fim”... Mas, que “Ele os amou até ao fim” (v 1).

2. Assim com em Jesus, a base do nosso relacionamento com as pessoas deve ser o amor (v 34,35). Aliás, o amor é a identidade do cristão. O amor é o mais poderoso instrumento de evangelização do mundo. Na igreja primitiva, os cristãos eram reconhecidos como “o povo que ama”, daí o seu crescimento explosivo.

APLICAÇÃO: Em que base você tem construído seus relacionamentos? Interesse financeiro? Barganha ou troca? Utilidade? Benefícios pessoais?

3ª Decisão: Jesus escolheu amar em tempos difíceis (v 2, v 11, v 18, v 21).
1. Jesus estava sob ataque do diabo e do traidor. Ele sabia quem era o traidor antes que a traição ocorresse (v 11). Imaginem a cena: Jesus se rebaixando, cingido com uma toalha e lavando os pés de Judas, o traidor. Ele agraciou e honrou o traidor, dando-lhe o primeiro pedaço de pão (Jo 31:26).

ILUSTRAÇÃO: Paulo captou toda a capacidade de Jesus amar em tempos difíceis em sua exposição da ceia em 1Co11:23: “O Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão; e, tendo dado graças o partiu e disse: Isto é o meu corpo que é dado por vós”.

APLICAÇÃO: É mais fácil amar os amáveis. O difícil é amar os arrogantes, os pretensiosos, os maliciosos, os interesseiros, os mentirosos, os que nos perseguem, os que nos injuriam, os opositores. Haverá ocasiões nas quais estaremos sob ataque. Pessoas irão falar coisas que não são verdades ao nosso respeito. Irão nos perseguir, nos humilhar. Qual a nossa atitude? Partir para o revide? Devemos fazer a maior escolha de todas: amar os inimigos! “Não se deixe vencer do mal, mas vence o mal com o bem” (Rm 12:21).


CONCLUSÃO

O cristão que não ama é uma impossibilidade: ainda está nas trevas (1Jo2:9); está cego (1Jo2:11); é assassino (1Jo3:15); não tem a vida eterna (1Jo3:15); não conhece a Deus (1Jo4:8) e é mentiroso (1Jo4:20).

Mas, se você mantiver as decisões de Jesus de amar como prioridade, de construir relacionamentos fundamentados no amor e escolher amar em tempos difíceis, Deus fará por você o que fez por José no Egito:
1. Ele transformará o mal em bem,
2. Ele transformará a tragédia em triunfo;
3. Ele transformará a derrota em vitória.