terça-feira, 31 de janeiro de 2012

QUEM É VOCÊ NA MULTIDÃO

Todos nós estamos familiarizados com o equivocado ditado “A voz do povo é voz de Deus”. A própria história já deu mostras deste sofisma. A Alemanha já aclamou Hitler. A Itália já aplaudiu Mussolini. A Rússia já apoiou Stalin. Os chineses já endeusaram Mao Tse Tung. E vejam o triste desfecho: seis milhões de judeus mortos em campos de concentrações, toda uma população aniquilada pelo terror da guerra, assassinatos em massa para manter um regime totalitário e infame, cristãos perseguidos e mortos, igrejas incendiadas e dezenas e milhares de pessoas vítimas da fome em todo o país. A voz da multidão não é confiável. O próprio Jesus não confiava nas multidões (Jo 2:23-25). Jesus estava a caminho de Jerusalém. É a sua última semana antes da cruz. Após ser ungido para a sepultura por Maria, dirige-se resolutamente a Jerusalém. Ele tem uma missão a cumprir, e nada o desviará dela. Em seu caminho, as multidões o acompanham. Ele já traz consigo um cortejo de seguidores, mas conhece aqueles que são seus. Eles seriam atraídos a Ele após a ressurreição (v 32). É clara a intenção de João em destacar as multidões durante o seu percurso e sua entrada em Jerusalém (a palavra “multidão” ocorre 6 vezes neste relato: v 9, 12, 17, 18, 29 e 34). É também clara a sua intenção em destacar algumas classes de pessoas dentro da mesma multidão e a forma como elas se relacionavam com Jesus. Vejamos quais são elas: A primeira classe de pessoas são aqueles que não compreenderam quem Jesus era nem a natureza de seu reinado (v 12,13 e 34). Jesus entra em Jerusalém e é clamado pela multidão. Eles esperavam um messias político. Alguém que organizaria um levante popular e político, a fim de libertar a nação do jugo romano. O rei finalmente chegara, e com ele toda a expectativa de um novo tempo livre do domínio de César. Como os discípulos de Emaús, eles esperavam que fosse Jesus quem iria redimir Israel (Lc 24:21). Mas estavam errados quanto a sua pessoa. No fundo, eles não sabiam quem Jesus era (v 34). A segunda classe de pessoas que João destaca são aqueles que o buscavam apenas pelo milagre (v 18). Dentre a multidão, estavam aqueles que presenciaram o grande milagre da ressurreição de Lázaro (v 17). Através de seu testemunho, muitos saíram ao encontro de Cristo em busca do milagre. Esta classe de pessoas representa aqueles que desejam apenas o benefício, a cura, o livramento e a supressão se seus desejos e necessidades. São como os que buscaram a Jesus somente por causa do pão, após o milagre da multiplicação dos pães e dos peixes (Jo 6:26). A terceira classe de pessoas são aqueles que o buscavam por curiosidade (v 20,21). Os gregos (gentios) certamente ouviram falar de Jesus, de suas curas e de seu ensino transformador. Desejosos de conhecê-Lo foram até Filipe, que era da Galileu. Estavam curiosos sobre o homem que detinha um ensino tão original e um poder tão grande de atração nas pessoas. Certamente, há também muitos curiosos em todos os lugares, até na igreja. Não são poucos aqueles que desejam apenas aplacar a sua curiosidade com respeito a Cristo e a igreja. A quarta classe de pessoas são aqueles que experimentaram a intervenção poderosa de Cristo, mas permaneceram incrédulos (v 37). A luz brilhou de forma intensa, mas não resplandeceu nos corações empedernidos (v 35, 36). Embora muitos tivessem presenciado sinais e maravilhas, não creram em Cristo para sua salvação. De modo geral, não é o milagre que produz a fé, mas a fé é que produz o milagre. Judas experimentou como testemunha ocular todos os milagres espantosos e pronunciamentos maravilhosos de Jesus, embora permanecesse com o coração endurecido. A quinta classe de pessoas descrita por João são aqueles que creram em Jesus, mas ocultaram a sua fé (v 42,43). Várias autoridades do povo e pessoas importantes creram em Jesus, mas por causa dos cuidados e respeitos humanos mantiveram-se em silêncio. Esses são aqueles que ocultam a sua fé por receio de perder a influência, a posição, o status, a “glória dos homens”. São representados por aqueles que amam mais o que conquistaram do que Aquele que os conquistou. José de Arimatéia e Nicodemus eram um exemplo desse tipo de gente. João declara que José de Arimatéia era discípulo de Jesus, “ainda que ocultamente pelo medo dos judeus” (Jo 19:38). E o que dizer de Nicodemus? Foi ter com Jesus de noite, com medo de ser visto e ter a sua reputação maculada perante os religiosos de sua época (Jo 3:2). Afinal, quem é você no meio da multidão? A qual classe de pessoas você pertence? Aqueles que pensam que Jesus foi apenas um grande líder revolucionário? Aqueles que o buscam apenas pelo benefício que Ele pode lhes conceder? Aqueles que, por curiosidade, pulam de um lado para o outro em busca de novidades? Aqueles que experimentaram sua doce presença, mas continuam andando na direção oposta? Aqueles que escondem a sua fé por receio de perder o que, enganadamente, pensam que conquistaram? A sexta e última classe de pessoas são descritas pelo próprio Cristo (v 44-50): 1. São aquelas que crêem que Jesus é Deus e não um messias político (v 44,45). 2. São aquelas que crêem que Ele é a revelação final e perfeita da verdade de Deus (v 46). 3. São aquelas que ouvem e praticam a sua Palavra (v 47-50). São estes que serão destacados não pelos homens, mas por Deus; que serão honrados não por homens, mas por Deus; que receberão o prêmio não das mãos dos homens, mas das mãos de Deus, em meio à multidão.