segunda-feira, 25 de junho de 2012

OS CRISTÃOS E O MMA

Alguns dias atrás me questionaram sobre qual deveria ser a relação entre os cristãos e esta nova modalidade de esporte/luta que se tornou uma febre, principalmente entre os adeptos da malhação nas academias, o MMA. Primeiramente gostaria de esclarecer que o MMA, e algumas outras manifestações esportivas, culturais e até artísticas são conseqüências diretas da descristianização da sociedade ocidental. Falo descristianização para não utilizar o termo anticristianismo, que seria uma expressão bem mais forte. Para explicar tal afirmação gostaria de retroceder na história. Nos áureos tempos do Império Romano em toda a sua opulência sob o domínio dos Césares, existia uma forma de diversão que promovia a euforia mórbida de toda a população de Roma: o esporte/luta entre gladiadores. Promovida pelo próprio Estado, o duelo fazia parte de uma estratégia para manter o povo subserviente a Roma e alheio às atrocidades cometidas pelo avanço do império, além de alimentar o marketing da díade pão e circo. Os gladiadores eram guerreiros treinados nas artes da luta, tendo em sua maioria um físico descomunal. Gozavam do prestígio das autoridades e do povo comum, sendo patrocinados, em sua grande maioria, pelo próprio império ou por cidadãos pertencentes às classes mais abastadas da sociedade da época. Equipavam-se em combate com seus escudos, espadas e lanças, arrojando-se um contra o outro, às vezes até a morte. Nisto consistia a eufórica e insana diversão da plebe que lotava os imensos pavilhões do Coliseu Romano. Quanto maior a violência durante a luta, maior a participação popular. Contudo, com o advento do cristianismo e seu poder de salgar e iluminar a sociedade pagã e amoral da época, os duelos começaram a escassear. A pregação do evangelho e o testemunho de seus mártires que sucumbiram aos montes nas mãos destes mesmos guerreiros contribuíram para despertar a consciência dos incautos. Quando, enfim, o cristianismo tornou-se a religião oficial do império no século IV de nossa era, o esporte/luta dos gladiadores foi abolido por completo. Seu palco maior, o Coliseu, foi abandonado como um memorial trágico de um tempo de crueldade e perversidade dos homens. E assim, permanece até o dia de hoje. Como afirmei anteriormente, nossa sociedade caminha rumo ao anticristianismo de forma rápida, daí o retorno de tais práticas que o cristianismo outrora baniu para sempre. Mas, com um agravante: seus defensores encontram-se também entre os cristãos. Afinal, qual seria a diferença de entrar em um estádio lotado como o Mineirinho para celebrar, aplaudir e estimular um duelo esporte/luta que contém os mesmos ingredientes em sua natureza de crueldade e infortúnio da agressão física até o sangue, de entrar no Coliseu Romano para celebrar, aplaudir e estimular as mesmas crueldades e infortúnios da agressão física até a morte? Há sim uma triste e única diferença: o Coliseu hoje está em ruínas e o MMA no auge da efervescência.

terça-feira, 19 de junho de 2012

HISTÓRIA E FÉ

A minha viagem a Israel, dentre outras reflexões, levou-me a compreender uma questão que, para muitos, têm suscitado dúvidas. A questão é: “De que modo a fé pode realmente ser fé, se ela for estabelecida pelas descobertas históricas?”. Em outras palavras, poderá a fé ser autêntica se ela assentar-se sobre a verificação histórica, já que a fé é a entrega do homem a Deus como um todo? Primeiramente, precisamos afirmar que a história não conduz necessariamente o homem a Deus, mesmo sendo esta história a história da operação de Deus no mundo. Um estudo preciso pode oferecer assentimento intelectual às descobertas sem necessariamente obter com isso a fé. A teologia e a história são empreitadas intelectuais, a fé é algo além. O historiador pode andar pelas ruas de Jerusalém nas estações da via crucis e visitar o túmulo vazio, verificando assim a historicidade dos relatos bíblicos sobre o sofrimento e a ressurreição de Cristo, e ainda assim rir-se de tais fatos. “A fé é um segundo passo”, nas palavras de Ladd. Eu diria, porém, que a fé está a um passo além da história. Com isso, quero dizer que, embora a história não prove a realidade de minha fé, ela é essencial para a verdadeira fé – pelo menos ao homem que se preocupa com a história. Funciona mais ou menos assim: a maior parte das pessoas vem para fé em resposta à Palavra de Deus proclamada sem testar criticamente a historicidade dos eventos que a Palavra proclama. Mas se ele concluir que os eventos pelos quais ele creu não são históricos, é difícil ver de que modo sua fé poderá suster-se. Ou seja, nenhuma fé cega é fé real. A fé não pode ser um salto no escuro, como acreditava Kierkegaard. Mas, por outro lado, se ele concluir que os mesmos eventos alegados são históricos, sua fé se sustenta e se robustece. A decisão de aceitar Jesus Cristo como Senhor não pode ser feita sem a evidência histórica acerca de Jesus. Se houver uma decisão sem qualquer evidência histórica, esta não poderia ser a decisão a respeito do Jesus da Bíblia, mas somente a respeito de uma ideologia ou de um ideal. A história não produz a fé, mas prova um fundamento adequado para a fé.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

A CAMPANHA DO MEDO

Estamos às portas de mais uma campanha política. Todos nós, cidadãos brasileiros, utilizaremos do nosso direito democrático de escolher um candidato a um cargo público. Esta escolha deve ser determinada por alguns fatores como: honestidade, competência, caráter, ética, passado limpo, capacidade intelectual e moral, compaixão pelos menos favorecidos e experiência pública. Mas, o mais importante é ser vocacionado para a política, seja ele evangélico ou não. O que o Brasil precisa são de políticos por vocação e não de políticos por profissão. O vocacionado é aquele que se realiza no “fazer”. Ele ama o que faz e faz com amor e paixão. O político profissional, ao contrário, é movido pelo benefício que dele se deriva. Seu real interesse é o ganho pessoal que obtém. Ele não ama o “fazer”, mas o que este fazer pode lhe render. À medida que o dia se aproxima algumas alas mais radicais, tendo a caça ao voto como seu propósito máximo, lançarão mão de métodos menos ortodoxos. O método é antigo. Já foi utilizado em campanhas anteriores para governadores e presidentes. Consiste em instalar o medo, com base no misticismo pagão. Vocês devem se lembrar que, na última campanha presidencial, tivemos que conviver com diversos panfletos e propagandas que ligavam o antigo presidente a Satanás, e que, se eleito, fecharia todas as igrejas evangélicas. Fato que não ocorreu por não ter fundamento. A história se repete. Os jargões eleitoreiros também. Mas penso que, como cristãos evangélicos, temos a capacidade de discernir a real intenção dos fatos. Jesus já nos alertou: “Sede, portanto, prudentes como as serpentes e símplices como as pombas” (Mateus 10.16). Portanto, tenha prudência ao lidar com propagandas que tentem influenciar o eleitor pela inclinação religiosa do candidato, satanizando os demais. Não tome partido com base apenas nessa informação, pois, neste período eleitoral, o que está por detrás dela certamente é o voto dos mais incautos. Como pastor, o meu compromisso é com o evangelho, mas também com a ética, cidadania e, acima de tudo, com o ensino bíblico saudável. É por isso que me sinto na obrigação de levantar algumas reflexões, a fim de que a sua consciência não seja alterada pelo terror. Lembre-se, o Supremo Governante está assentado no trono e o seu reinado nunca terá fim!