terça-feira, 19 de setembro de 2017

MANTENDO A UNIDADE NA VERDADE

COMO MANTER A UNIDADE NA VERDADE 2João INTRODUÇÃO: Existe hoje um movimento que iniciou-se tempos atrás que se chama “ecumenismo”, cujo significado é “reunir a casa”, “união da casa”. O ecumenismo é a busca pela unidade entre todas as igrejas cristãs. Contudo, ao observarmos as Escrituras, notamos uma direção que contraria esta visão, ou seja, a unidade não é ilimitada. Ela contém certos limites. O limite da unidade entre os cristãos é a “verdade”. Pelo menos é isso que nos mostra o ensino do apóstolo João. Sua real preocupação é que a “senhora eleita” - que aqui pode ser uma figura feminina ou uma representação da igreja - não permita a entrada de qualquer coisa falsa em sua casa (v 10). Hoje vivemos uma cruel invasão em nossos lares de princípios e condutas que contrariam frontalmente a fé e a ética cristã. Os mestres apóstatas estão invadindo nossas igrejas e nossos lares, tentando influenciar a sociedade e as famílias cristãs. Tito enfrentou esse problema em Creta (Tt 1:10,11), Timóteo também em Éfeso (2Tm 3:6). A condição dos lares determina a condição da igreja e do país. Um lar que mantém a sua unidade na verdade é um lar forte, gerando assim igrejas fortes. F.T: A questão que João nos responde é a seguinte: “Como manter a unidade na verdade diante da enxurrada de mentiras e enganos que invadem nossos lares cotidianamente?” 1. Para manter a unidade na verdade é preciso CONHECER A VERDADE (v 1-3). Notemos que João utiliza o termo “verdade” quatro vezes, de modo que se trata de uma palavra importante. Há três observações importantes aqui sobre a “verdade”:  1. Esta “verdade” nos foi revelada em Jesus Cristo (Jo 14:6) e em sua Palavra (Jo 17:17). O próprio Deus tomou a iniciativa de se revelar a nós, mediante a sua Palavra e mediante a pessoa, vida e obra de Jesus Cristo.  2. Esta “verdade” permanece em nós (v 2). A verdade de Deus, apesar de bombardeada por heresias e mentiras por parte dos falsos mestres apóstatas, será vitoriosa na vida de seus eleitos, pois “Nada poderá nos separar do amor de Deus que está em Jesus Cristo” (Rm 8:39).  3. Esta “verdade” nos conduz a amar (v 1). “A quem eu amo na verdade”. O conhecimento da verdade não é apenas um assentimento intelectual a um conjunto de doutrinas reveladas na Bíblia, mas sobretudo uma vida de “amor na verdade”. O que significa “amar na verdade”? Primeiro, significa amar a verdade, ou seja, amar a Cristo e sua Palavra. Segundo, significa amar o próximo tendo como fundamento a verdade da Palavra de Deus e de Jesus Cristo. APLICAÇÃO: Cada cristão é chamado por Deus para conhecer a verdade: (1) Estudando cuidadosamente a Palavra de Deus e permitindo que o Espírito Santo nos ensine; (2) Ouvindo mestres e pregadores fieis na fé e colocando em prática o que aprendemos; (3) Absorvendo esta verdade com a mente, mas também com o coração, isto é, amando a verdade e sujeitando-nos a ela. “Uma boa teologia começa na cabeça, desce ao coração e, por fim, às mãos” (Roger Olsen). “Devemos ter luz na cabeça e fogo no coração” (M.L.Jones). 2. Para manter a unidade na verdade devemos ANDAR NA VERDADE (v 4-6). “Andar na verdade” significa OBEDIÊNCIA! (v 4). É muito mais fácil conhecer a verdade, ou até mesmo discuti-la, do que colocá-la em prática. Há no texto algumas marcas importantes sobre a obediência: 1. A obediência alegra o coração de Deus (v 4a). O apóstolo João diz : “Não tenho maior alegria do que esta, a de ouvir que meus filhos andam na verdade” (3Jo 4). Jesus, ao ser batizado por João, recebeu a chancela do Pai: “Este é o meu Filho amado, em quem eu tenho todo o meu prazer”. 2. A obediência é a virtude por excelência do cristão. Isto significa que somos salvos “para” a obediência e não “pela” obediência. Paulo, escrevendo aos efésios, diz: “Criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou de antemão para que andássemos nelas” (Ef 2:10). O que Deus mais espera de seus filhos é a obediência (Mt 7:21-27). “Obedecer é melhor do que sacrificar” (1Sm 15:22). 3. A obediência é uma expressão do amor a Cristo e ao próximo (v 5,6). “Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, este é o que me ama”. Aquele que ama a Cristo é aquele que o obedece. A obediência é a grande e mais importante virtude do cristão. Quem ama a Cristo, submete-se a sua Palavra. Quem ama o próximo, faz por ele o que espera receber (Mt 7:12). APLICAÇÃO: A hipocrisia é um grave problema que assalta a religião. Foi o grande embate de Jesus com os escribas e fariseus (Mt 24): “Dizem, mas não fazem; legislam, as não cumprem; trabalham com o fim de serem vistos; ensinam os outros, mas não ensinam a si mesmos; pregam que não se deve furtar, mas furtam; dizem para não cometer adultério, mas cometam; abominam os ídolos, mas roubam o Templo (Rm 2:21-24). 3. Para manter a unidade na verdade devemos PROTEGER A VERDADE (v 7-11). Devemos proteger a verdade de QUATRO “PERIGOS” que a igreja e as famílias enfrentam: 1. O primeiro perigo é a DISPLISCÊNCIA (V 7). É o perigo da falta de vigilância! Mensagens e mensageiros enganosos estão por toda a parte. Alguém já constatou que “enquanto a mentira dá a volta ao mundo, a verdade ainda está calçando os sapatos”. Precisamos atentar para o que entra portas adentro de nossas casas e de nossas igrejas. Precisamos estar atentos às mentiras e aos enganos que deturpam, deterioram e distorcem a verdade de Deus. “Vigiai”, foi a exortação de Jesus aos cristãos, no intervalo entre a primeira e a segunda vinda. 2. O segundo perigo é o RETROCESSO (V 8). É o perigo de perder o que foi obtido! Um exemplo muito claro desse retrocesso ocorreu na igreja dos gálatas (Gl 4:11). Houve um retrocesso na fé, um retorno aos rudimentos da lei, uma supervalorização de Moisés. Retroceder é mais fácil do que avançar. Destruir é mais fácil que construir. Quando a família ou a igreja retrocede, perde parte das bênçãos devidas à perseverança. A igreja de Éfeso retrocedeu no amor (Ap 2:4). “Contudo”, escreveu o escritor da carta aos Hebreus, “nós não somos daqueles que retrocedem…” (Hb 10:39). 3. O terceiro perigo é o ACRÉSCIMO (v 9). É o perigo de “ir além”! É o perigo de ultrapassar os limites impostos pelas Escritura e fazer acréscimos a Palavra de Deus (Dt 29:29). O principal perigo de nossos dias não é ficar aquém do ensino bíblico, mas sim ir além. Isto é, ultrapassar o que a Bíblia diz e introduzir ensinos e doutrinas que não encontram respaldo no texto das Escrituras. Este perigo encontra expressão hoje no liberalismo teológico e no neopentecostalismo. No liberalismo porque desacreditam de diversas doutrinas fundamentais da fé cristã, reinterpretando-as com bases expúrias; no neopentecostalismo porque vão além do texto, na medida que introduzem doutrinas e ensinos contrários e alheios às Escrituras, dando-lhes, contudo, uma roupagem cristã (Sl 23:1; Fp 4:13; Hb 13:8). 4. O quarto e último perigo é a CONDESCENDÊNCIA (v 10-13). É o perigo de conviver com o erro! É o perigo de dar ouvidos ao ensino anticristão, provenientes de falsos mestres que representavam grupos sectários e hereges. João adverte a igreja a não receber os falsos mestres que os visitavam, desejando ter comunhão com eles e talvez até desfrutar de sua hospitalidade. Po que João era tão inflexível quanto a essa questão? Primeiro, porque não queria promover o falso ensino; segundo, porque não queria que os crentes fossem contaminados pelo falso ensino; e terceiro, porque não queria colaborar com a disseminação dos falsos ensinos na igreja. No entanto, devemos ter o cuidado de compreender que aqui não se trata de receber somente convertidos em casa. O evangelismo por amizade é uma maneira poderosa de ganhar pessoas para Cristo. O que João admoesta aos crentes é que não recebam em suas casas e nem incentivem pessoas que representam seitas ou grupos sectários com ensinos falsos que tentam seduzi-los. CONCLUSÃO Para manter a unidade na verdade devemos, portanto: conhecer a verdade, andar na verdade e proteger a verdade. Não devemos esquecer que a ênfase principal de João nesta epístola é a necessidade de permanecer alertas. O mundo está cheio de enganadores!