terça-feira, 6 de abril de 2010

UM VISLUMBRE DO CRUCIFICADO

Considere as pessoas que passavam insensíveis pelo Salvador quando estava pendurado na cruz. Como eram cruéis! Mas antes de julgá-las, vamos nos lembrar que muitas ainda hoje estão fazendo o mesmo. Elas se enquadram em três tipos:

PRIMEIRO: AQUELES QUE QUEREM A CRUZ, SEM CRISTO. São os religiosos: Aqueles que estão travestidos de uma capa de aparência de santidade, como se fossem os defensores imbatíveis da moral cristã, a quem Jesus chamou de “sepulcros caiados”, ou seja, “por fora, bela viola, por dentro, pão bolorento”. São os supersticiosos: Aqueles que se utilizam da cruz como um amuleto sagrado. São os modernos “adoradores de relíquias” do passado. Buscam aquilo que lhes dê substância à sua fé defeituosa e inconsistente. Precisam se acercar de objetos como “água do Jordão”, “anel ungido para casamento”, “água abençoada em cima da geladeira”, “óleo ungido de Israel”, e por aí vai... São os místicos: Aqueles que fundamentam sua crença na “experiência”. Buscam apenas “experiências místicas” como forma de auto-afirmação e proeminência sobre os outros. São os “espirituais”. Mas, na visão de Paulo são, na verdade, “enfatuados, cheios de malícia em sua mente carnal porque não retém o cabeça, que é Cristo”.

SEGUNDO: AQUELES QUE QUEREM O CRISTO, SEM A CRUZ. São os vitoriosos: Aqueles que proclamam sempre a vitória como o único propósito de vida para o cristão. São aqueles que somente enxergam um Cristo vencedor, mas são incapazes de vislumbrar um cordeiro que foi levado para o matadouro. Cultuam o marketing da imagem, já que precisam parecer aos outros sempre na crista da onda, cheios de saúde, vitalidade e dinheiro. São os consumidores: Aqueles que buscam e querem, a qualquer custo, os benefícios de Cristo, e só. Tratam a Deus como um poderoso mordomo de luxo que está obrigado a satisfazer-lhes todos os desejos e caprichos, à custa de uma “determinação humana”. Mas desprezam o evangelho da renúncia, do sacrifício envolvido, da negação da vontade própria e dos prazeres do ego. Para eles o discipulado não é “tome a sua cruz”, mas “abandone a sua cruz”. São os abastados: Aqueles que se preocupam apenas com a prosperidade. O negócio deles é o material, o “ter” como evidência da bênção de Deus. Como naquela letra da música: “Quanto mais tem mais quer”. Exibem seus bens como um tesouro adquirido pela “mão de Deus”, como se adquirir riquezas fosse sinal do favor de Deus. Eles se esquecem da máxima do evangelho que é “melhor dar do que receber”. O evangelho de Jesus é o evangelho do “dar” acima do “obter”, de “dividir” ao invés de “multiplicar”, do “distribuir” ao invés de “adquirir”.

TERCEIRO: AQUELES QUE NÃO QUEREM NEM CRISTO, NEM A CRUZ. São os insensíveis: Aqueles que mantêm uma postura indiferente diante de Cristo e de sua cruz. Diante da grandeza de sua obra redentora permanecem alheios, mesmo contemplando o quadro, mesmo convivendo com a sua realidade. São “indiferentes”. Para esses, Jesus foi um mártir apenas, condenado por suas idéias revolucionárias. São os endurecidos: Aqueles que, devido à convivência com o pecado em suas vidas, tornam-se petrificados a tudo aquilo que diz respeito a Deus e a sua Palavra. Endurecidos pelo pecado, não conseguem fazer germinar e florescer a semente implantada. Escutam, mas não ouvem. Enxergam, mas não vêem. São os orgulhosos: Aqueles que retiraram há tempo Deus do centro e colocaram seu próprio ego. Como dizia Chesterton: “Quando abandonamos a Deus colocamos outro em seu lugar”. Eis o seu Deus: “eles mesmos”. São aqueles que confiam em si mesmos e na força de seu próprio braço. A revelação foi substituída pela razão, e Deus pelo homem. São aqueles que se colocam no centro, como um grande astro, cujos planetas orbitam em sua volta.

E nós, de que tipo somos? Espero que de nenhum tipo destes acima, e sim, aqueles que querem Cristo e a sua cruz com todas as suas implicações possíveis.

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