terça-feira, 19 de junho de 2012

HISTÓRIA E FÉ

A minha viagem a Israel, dentre outras reflexões, levou-me a compreender uma questão que, para muitos, têm suscitado dúvidas. A questão é: “De que modo a fé pode realmente ser fé, se ela for estabelecida pelas descobertas históricas?”. Em outras palavras, poderá a fé ser autêntica se ela assentar-se sobre a verificação histórica, já que a fé é a entrega do homem a Deus como um todo? Primeiramente, precisamos afirmar que a história não conduz necessariamente o homem a Deus, mesmo sendo esta história a história da operação de Deus no mundo. Um estudo preciso pode oferecer assentimento intelectual às descobertas sem necessariamente obter com isso a fé. A teologia e a história são empreitadas intelectuais, a fé é algo além. O historiador pode andar pelas ruas de Jerusalém nas estações da via crucis e visitar o túmulo vazio, verificando assim a historicidade dos relatos bíblicos sobre o sofrimento e a ressurreição de Cristo, e ainda assim rir-se de tais fatos. “A fé é um segundo passo”, nas palavras de Ladd. Eu diria, porém, que a fé está a um passo além da história. Com isso, quero dizer que, embora a história não prove a realidade de minha fé, ela é essencial para a verdadeira fé – pelo menos ao homem que se preocupa com a história. Funciona mais ou menos assim: a maior parte das pessoas vem para fé em resposta à Palavra de Deus proclamada sem testar criticamente a historicidade dos eventos que a Palavra proclama. Mas se ele concluir que os eventos pelos quais ele creu não são históricos, é difícil ver de que modo sua fé poderá suster-se. Ou seja, nenhuma fé cega é fé real. A fé não pode ser um salto no escuro, como acreditava Kierkegaard. Mas, por outro lado, se ele concluir que os mesmos eventos alegados são históricos, sua fé se sustenta e se robustece. A decisão de aceitar Jesus Cristo como Senhor não pode ser feita sem a evidência histórica acerca de Jesus. Se houver uma decisão sem qualquer evidência histórica, esta não poderia ser a decisão a respeito do Jesus da Bíblia, mas somente a respeito de uma ideologia ou de um ideal. A história não produz a fé, mas prova um fundamento adequado para a fé.

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