"Nos passos do pastor" é o caminho de um peregrino em direção à cidade celestial.
terça-feira, 31 de janeiro de 2012
QUEM É VOCÊ NA MULTIDÃO
Todos nós estamos familiarizados com o equivocado ditado “A voz do povo é voz de Deus”. A própria história já deu mostras deste sofisma. A Alemanha já aclamou Hitler. A Itália já aplaudiu Mussolini. A Rússia já apoiou Stalin. Os chineses já endeusaram Mao Tse Tung. E vejam o triste desfecho: seis milhões de judeus mortos em campos de concentrações, toda uma população aniquilada pelo terror da guerra, assassinatos em massa para manter um regime totalitário e infame, cristãos perseguidos e mortos, igrejas incendiadas e dezenas e milhares de pessoas vítimas da fome em todo o país. A voz da multidão não é confiável. O próprio Jesus não confiava nas multidões (Jo 2:23-25).
Jesus estava a caminho de Jerusalém. É a sua última semana antes da cruz. Após ser ungido para a sepultura por Maria, dirige-se resolutamente a Jerusalém. Ele tem uma missão a cumprir, e nada o desviará dela. Em seu caminho, as multidões o acompanham. Ele já traz consigo um cortejo de seguidores, mas conhece aqueles que são seus. Eles seriam atraídos a Ele após a ressurreição (v 32).
É clara a intenção de João em destacar as multidões durante o seu percurso e sua entrada em Jerusalém (a palavra “multidão” ocorre 6 vezes neste relato: v 9, 12, 17, 18, 29 e 34). É também clara a sua intenção em destacar algumas classes de pessoas dentro da mesma multidão e a forma como elas se relacionavam com Jesus. Vejamos quais são elas:
A primeira classe de pessoas são aqueles que não compreenderam quem Jesus era nem a natureza de seu reinado (v 12,13 e 34). Jesus entra em Jerusalém e é clamado pela multidão. Eles esperavam um messias político. Alguém que organizaria um levante popular e político, a fim de libertar a nação do jugo romano. O rei finalmente chegara, e com ele toda a expectativa de um novo tempo livre do domínio de César. Como os discípulos de Emaús, eles esperavam que fosse Jesus quem iria redimir Israel (Lc 24:21). Mas estavam errados quanto a sua pessoa. No fundo, eles não sabiam quem Jesus era (v 34).
A segunda classe de pessoas que João destaca são aqueles que o buscavam apenas pelo milagre (v 18). Dentre a multidão, estavam aqueles que presenciaram o grande milagre da ressurreição de Lázaro (v 17). Através de seu testemunho, muitos saíram ao encontro de Cristo em busca do milagre. Esta classe de pessoas representa aqueles que desejam apenas o benefício, a cura, o livramento e a supressão se seus desejos e necessidades. São como os que buscaram a Jesus somente por causa do pão, após o milagre da multiplicação dos pães e dos peixes (Jo 6:26).
A terceira classe de pessoas são aqueles que o buscavam por curiosidade (v 20,21). Os gregos (gentios) certamente ouviram falar de Jesus, de suas curas e de seu ensino transformador. Desejosos de conhecê-Lo foram até Filipe, que era da Galileu. Estavam curiosos sobre o homem que detinha um ensino tão original e um poder tão grande de atração nas pessoas. Certamente, há também muitos curiosos em todos os lugares, até na igreja. Não são poucos aqueles que desejam apenas aplacar a sua curiosidade com respeito a Cristo e a igreja.
A quarta classe de pessoas são aqueles que experimentaram a intervenção poderosa de Cristo, mas permaneceram incrédulos (v 37). A luz brilhou de forma intensa, mas não resplandeceu nos corações empedernidos (v 35, 36). Embora muitos tivessem presenciado sinais e maravilhas, não creram em Cristo para sua salvação. De modo geral, não é o milagre que produz a fé, mas a fé é que produz o milagre. Judas experimentou como testemunha ocular todos os milagres espantosos e pronunciamentos maravilhosos de Jesus, embora permanecesse com o coração endurecido.
A quinta classe de pessoas descrita por João são aqueles que creram em Jesus, mas ocultaram a sua fé (v 42,43). Várias autoridades do povo e pessoas importantes creram em Jesus, mas por causa dos cuidados e respeitos humanos mantiveram-se em silêncio. Esses são aqueles que ocultam a sua fé por receio de perder a influência, a posição, o status, a “glória dos homens”. São representados por aqueles que amam mais o que conquistaram do que Aquele que os conquistou. José de Arimatéia e Nicodemus eram um exemplo desse tipo de gente. João declara que José de Arimatéia era discípulo de Jesus, “ainda que ocultamente pelo medo dos judeus” (Jo 19:38). E o que dizer de Nicodemus? Foi ter com Jesus de noite, com medo de ser visto e ter a sua reputação maculada perante os religiosos de sua época (Jo 3:2).
Afinal, quem é você no meio da multidão? A qual classe de pessoas você pertence? Aqueles que pensam que Jesus foi apenas um grande líder revolucionário? Aqueles que o buscam apenas pelo benefício que Ele pode lhes conceder? Aqueles que, por curiosidade, pulam de um lado para o outro em busca de novidades? Aqueles que experimentaram sua doce presença, mas continuam andando na direção oposta? Aqueles que escondem a sua fé por receio de perder o que, enganadamente, pensam que conquistaram?
A sexta e última classe de pessoas são descritas pelo próprio Cristo (v 44-50): 1. São aquelas que crêem que Jesus é Deus e não um messias político (v 44,45). 2. São aquelas que crêem que Ele é a revelação final e perfeita da verdade de Deus (v 46). 3. São aquelas que ouvem e praticam a sua Palavra (v 47-50). São estes que serão destacados não pelos homens, mas por Deus; que serão honrados não por homens, mas por Deus; que receberão o prêmio não das mãos dos homens, mas das mãos de Deus, em meio à multidão.
quarta-feira, 28 de dezembro de 2011
RESOLUÇÕES DE ANO NOVO
O início de uma vida nova, com mais dinheiro, saúde, qualidade de vida e felicidade parece uma realidade palpável para muita gente na noite da virada do ano. Enquanto os fogos pipocam o céu, várias promessas são feitas, acompanhadas de superstições que beiram a insanidade. Mas, poucas dessas promessas sobrevivem ao dia seguinte. A razão para isso vai desde a falta de perseverança até querer realmente o que se propõe. É necessária uma profunda reflexão sobre o que se almeja para não se apagar como os fogos de artifício da virada.
As resoluções mais confiáveis encontram-se na Palavra de Deus, pois ela é a vontade de Deus para o homem. Resolver fazer a vontade de Deus, certamente nos conduzirá a lugares seguros, prazerosos e, acima de tudo, mais próximos de Deus – que é a fonte de toda alegria e realização humana.
Neste primeiro dia do ano quero extrair de quatro personagens bíblicos quatro resoluções acertadas que tomaram e mudaram as suas vidas para sempre. Bem que poderiam ser as nossas a partir de hoje. Vejamos.
A primeira resolução foi tomada por um profeta: “Resolveu Daniel firmemente não se contaminar” (Dn 1:8), foi sua decisão. Diante de finos manjares oferecidos por um rei idólatra e tirano, ele resolveu não participar do banquete, preferindo uma dieta mais leve. Ele decidiu ser diferente para a glória de Deus. Eis a primeira resolução que tomo neste início de ano: EU RESOLVO BUSCAR UMA VIDA DE SANTIFICAÇÃO PARA A GLÓRIA DE DEUS. A santificação é a principal evidência do novo nascimento promovido pelo Espírito Santo. Ela é um processo que envolve duas partes: Deus e eu. É sinérgico na medida em que Cristo persevera em mim e eu me esforço para me tornar como Ele. Contudo, a santificação é um processo que dura a vida inteira, e sem ela ninguém verá a Deus.
A segunda resolução foi tomada por um rico cobrador de impostos: “Eu resolvo dar metade dos meus bens aos pobres” (Lc 19:8). Ao se oferecer para ficar em sua casa, Jesus conquistou o avarento e corrupto Zaquel. E quando somos conquistados por Cristo, abrimos mão de nossas conquistas pessoais, porquanto possuímos agora a pérola de maior valor. Foi isso que ele fez. Resolveu dar metade de seus bens aos pobres e restituiu quatro vezes mais àqueles os quais defraudou. Eis a segunda resolução de ano novo: EU RESOLVO SER MAIS GENEROSO COM OS MEUS DONS PARA A GLÓRIA DE DEUS. A generosidade é uma das principais marcas do cristão. É só dar uma olhada na igreja primitiva para vislumbrar a graça do oferecimento (Atos 2:42-47). A generosidade é o amor em ação. É o custeio daquilo que está no coração, à semelhança do samaritano que não apenas resgata o moribundo, mas custeia as suas despesas com o tratamento (Lc 11:35). A generosidade mede o nosso envolvimento com o Reino de Deus, nem mais, nem menos.
A terceira resolução provém de um rei: “E depois disso, resolveu Joás renovar a Casa do Senhor” (2Cr 24.4). Após um período de apostasia, lutas pelo poder e morte, Joás irrompe como um grande paladino para reconstruir o altar e o culto a Deus perante o povo. Eis a terceira resolução de ano novo: EU RESOLVO ME COMPROMETER MAIS COM A OBRA DO SENHOR. O profeta Ageu denunciou o descaso de uma nação para com o “templo”, enquanto concentravam-se em suas próprias casas, não muito diferente do que encontramos na sociedade hodierna. Ao contrário de Esdras, Neemias e Salomão que iniciaram pela Casa do Senhor, teimamos em iniciar pela nossa própria casa, enquanto a obra do Senhor padece de trabalhadores.
A última resolução advém de uma viúva estrangeira: “Rute estava de todo resolvida em ir com Noemi” (Rt 1:18). Mesmo não tendo nenhum vínculo legal com a sogra, já que o marido morrera e ela não tinha mais filhos, Rute resolveu se aliançar com ela em uma das mais belas declarações de amor e amizade narradas na Bíblia. Eis a minha última resolução de ano novo: EU RESOLVO ME COMPROMETER MAIS COM AS PESSOAS. Relacionar-me mais com elas. Procurar servi-las naquilo que estiver ao meu alcance. Dedicar-me um pouco mais aos outros e menos a mim mesmo, respirando e tentando sorver as palavras de um jovem pastor da Alemanha nazista sobre Jesus: “Jesus foi um homem para os outros”.
E que Deus me ajude para que estas resoluções não se apaguem como os fogos da virada...
sexta-feira, 2 de dezembro de 2011
O NATAL QUE EU NÃO CONHECI
A história do primeiro Natal
O Natal está às portas, e com ele um movimento esperado: presentes, enfeites, festas, cartões, árvores, Papai Noel, entre outros. Ao contrário do que a sociedade gostaria que crêssemos, o primeiro Natal contrasta com esta realidade. Por isso, ao se aproximar o Natal, convido-o a afastar-se da ilusão dos cartões e das vitrines, indo para a sua verdadeira história. Há nela alguns acontecimentos que muitos desconhecem.
A ANUNCIAÇÃO: Ao invés de famílias tranqüilas e felizes, o evangelho de Lucas registra que Maria, ao receber a visita do anjo, anunciando sua concepção sobrenatural, teve medo (Lc 1:28-38): “Como será isto, pois não tenho relação com homem algum” (Lc 1:34). As implicações e as conseqüências deste fato eram terríveis. O adultério era passível de morte por apedrejamento. E seus pais, o que diriam? Será que creriam em sua história? E o seu noivo, José? Será que lhe daria crédito? Parece que inicialmente não creu, pois a deixou secretamente (Mt 1:19). Lá estava ela, uma adolescente sozinha, desamparada, abandonada pelo noivo, procurando refúgio na única pessoa que poderia compreendê-la, Isabel. Mas o que mais me chama a atenção em Maria é que diante de todas as implicações ela não se acovardou, e respondeu: “Aqui está a serva do Senhor, que se cumpra em mim conforme a tua Palavra” (Lc 1:38). Com grande freqüência, uma obra de Deus vem sempre acompanhada de dois gumes: grande alegria e grande sofrimento. Nesta resposta, Maria abraçou os dois, sendo a primeira pessoa a aceitar Jesus com todas as suas implicações.
O NASCIMENTO: A vinda de Jesus ao mundo segue as mesmas dificuldades e sobressaltos: o recenseamento, a viagem árdua de Nazaré a Belém, a falta de acomodações próprias, e por fim, um estábulo improvisado (Lc 2:1-7). Naquele lugar tão diferente das atuais maternidades, nasce o Rei, tendo por cama uma manjedoura, local onde se colocavam alimento para os animais. O que uma jovem adolescente poderia pensar diante desse quadro: “Que salvador será este? Que rei vem ao mundo desta maneira? Como poderá herdar o trono de Davi se o que ele tem é apenas uma manjedoura suja e improvisada? Será que tudo isso não passou de um sonho?” Mas, aquilo que aos olhos humanos ainda era obscuro, Deus declarou em plena luz nos campos: a glória de Deus brilhou aos pastores (Lc 2:18-14) e ao firmamento, guiando os magos do oriente até o menino (Mt 2:1-12). Ao receber presentes da realeza (ouro, incenso e mirra), penso que Maria deve ter se perguntado: “Quem é este menino verdadeiramente?”.
A MATANÇA DOS INOCENTES: Engraçado, nunca vi em um cartão de Natal nem em uma vitrine a descrição deste ato insano e terrorista patrocinado pelo Estado! Mas ele também faz parte do primeiro Natal. Herodes, sentindo-se ameaçado pelo nascimento de um rei, reagiu como de costume: ordenou que assassinassem todas as crianças de dois anos para baixo (Lc 2:16-18). E assim, Jesus entrou no mundo, no meio da disputa e do terror, indo passar a sua infância escondido no Egito, como um terrorista refugiado numa nação que trazia lembranças tão amargas (Mt 2:13-15). Logo após a morte de Herodes, um anjo ordena a José que retorne a Galiléia. Finalmente, eles poderiam ter um pouco de paz e tranqüilidade para criar o seu filho Jesus (Mt 2:19-23).
REVELANDO A DEUS: Se Jesus veio revelar Deus ao mundo, então o que eu aprendo acerca de Deus neste primeiro Natal? A primeira lição é a humildade. Ao contrário do deus vingativo e insano de algumas religiões, Deus se humilhou em sua busca desesperada pela restauração do homem, corrompido pelo pecado. A segunda lição é a proximidade. Em Jesus, Deus nos deu um rosto. Ele tornou-se acessível a todos os que o buscam. Agora sabemos que Deus não está distante, mas ao alcance e bem próximo de todos nós. A terceira lição é o esvaziamento. Há um poema que traduz bem esta realidade:
O Deus de poder,
enquanto percorria,
em suas majestosas roupagens de glória,
resolveu parar;
e assim um dia Ele desceu,
e pelo caminho se despia.
Ele se esvaziou de sua glória para absorver o nosso pecado na cruz, reconciliando-nos com o Pai... Seria bom se o mundo conhecesse a verdadeira história do primeiro Natal.
quinta-feira, 3 de novembro de 2011
A CONFRONTAÇÃO DA FÉ
A CONFRONTAÇÃO DA FÉ
Mateus 7:13-29
Mateus é o evangelho do Rei. Jesus é apresentado como o Rei Supremo e Todo-Poderoso. O capítulo 1 fala da genealogia do Rei. O capítulo 2 do nascimento do Rei. O capítulo 3 fala do batismo do Rei. O capítulo 4 narra a tentação do Rei e o capítulo 5 os princípios do Rei (O SERMÃO DO MONTE).
O Sermão do Monte estabelece a justiça, a santidade e o caráter do Rei e dos súditos do Rei, sempre apresentando o contraste com a religião judaica. Jesus conclui o Sermão do Monte confrontando seus discípulos e os religiosos de sua época sobre a veracidade da fé. Ele quer avaliar se nossa fé é verdadeira, é genuína. Para isso, Ele utiliza três figuras (metáforas) com o mesmo padrão, a fim de nos ajudar a avaliar a nossa vida de fé: dois caminhos, duas árvores e dois alicerces. Em cada figura, Jesus confronta um componente da fé genuína. Vejamos se eles estão presentes ou não na igreja de Cristo contemporânea.
PRIMEIRO, OS DOIS CAMINHOS CONFRONTAM O CUSTO DA FÉ (v 13,14). A figura dos dois caminhos tem sido comum em muitos pensamentos religiosos desde a época de Sócrates (400 a.C.). Para ele havia o “caminho da virtude” (alcançada através do conhecimento, principalmente do auto-conhecimento: “Conheça-te a ti mesmo”) e o “caminho do vício” (privação do conhecimento e entrega às paixões da carne).
Jesus também propôs dois caminhos: Um estreito e apertado, e outro largo e espaçoso. Se optarmos pelo caminho largo (espaçoso), levamos conosco as “bagagens”, as “bugigangas” do pecado, dos prazeres lascivos, dos desejos mundanos (orgulho, avareza e egoísmo). Se optarmos pelo caminho estreito (apertado), temos de abrir mão de algumas destas coisas.
Eis, portanto, o primeiro teste que os dois caminhos propõem: “NOSSA FÉ EM JESUS CUSTOU ALGUMA COISA?” Não para a salvação, mas para o testemunho. Houve renúncia de si mesmo, abandono do pecado, sacrifício do discipulado cristão? Abrimos mão do egoísmo, do orgulho, da soberba, da avareza, dos prazeres mundanos, da satisfação do ego? Houve identificação com o caminho percorrido pelo próprio Jesus em obediência ao Pai? “Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruze siga-me” (Mc 8:34). O cientista do passado Blaise Pascal, escreveu: “Cristo nos aceita como estamos. Mas, se nos entregamos a Ele não podemos permanecer como estamos”.
SEGUNDO, AS DUAS ÁRVORES CONFRONTAM O FRUTO DA FÉ (v 15-20). Esta ilustração mostra que a verdadeira fé em Cristo transforma a vida e produz frutos para a glória de Deus. É o evangelho do “novo nascimento” (João 3: “Importa-vos nascer de novo”). É o evangelho da “transformação” (“Eu era cego, agora vejo”). É o evangelho da “mudança” (De Jacó para Israel, de Simão para Pedro, de Saulo para Paulo). “As coisas antigas passaram, eis que tudo se fez novo”.
Eis o segundo teste que as duas árvores propõem: “NOSSA FÉ EM CRISTO MUDOU A NOSSA VIDA?”. Somos realmente ovelhas do seu pastoreio ou colocamos um disfarce? (como os falsos profetas: “lobos disfarçados em ovelhas” cf. v 15). Será que nascemos de novo? George Whitefield pregou 300 sermões sobre o “Novo Nascimento”, ao que um membro de sua igreja lhe perguntou: “Até quando o senhor continuará pregando sobre o novo nascimento?”. Ele respondeu: “Até quando você nascer de novo”. Será que apresentamos a evidência da mudança: os bons frutos? Gl 5:22: “Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio. E os que são de Cristo Jesus crucificaram a carne, com suas paixões e concupiscências”.
TERCEIRO, OS DOIS ALICERCES CONFRONTAM A RESISTÊNCIA DA FÉ (v 24-27). As duas casas da história tinham vários aspectos em comum: ambas foram construídas, ambas foram concluídas, ambas sujeitas às tempestades. Porém, há uma diferença: o alicerce. Ou seja: “a obediência a vontade de Deus é a prova da verdadeira fé em Cristo, e essa fé verdadeira resiste a todas as provações”.
UMA FALSA PROFISSÃO DE FÉ DURA ATÉ A PROVAÇÃO(v 27). Muitos que declaram a sua fé em Cristo acabam por negá-la quando a vida torna-se difícil, quando a tempestade vem, quando as adversidades batem a porta. Como é o caso da pessoa que recebeu a semente da Palavra de Deus num coração rochoso, sem profundidade. E quando vieram as provações, as angústias, logo se escandalizaram e abandonaram a fé (Mc 4: 5, 16, 17). Uma fé verdadeira resiste às mais duras provações, à semelhança daquela solitária idosa que me confidenciou: “Perdi meus quatro filhos no mesmo ano, o primeiro em um acidente e os outros três de enfermidades, mas não perdi a fé!” Apesar de viver em um lar para idosos, celebra com alegria sua fé em Cristo.
Eis o terceiro confronto que os dois alicerces propõem: “NOSSA FÉ EM CRISTO RESISTE ÀS PROVAÇÕES?”. Sobre qual fundamento temos construído a nossa casa? Temos permanecido de pé quando as tempestades vêem? A prova final da verdadeira fé é se permanecemos de pé: “Vigiai, pois, a todo o tempo, orando, para que possais escapar de todas essas coisas que têm de suceder e estar em pé na presença do Filho do Homem” (Lc 21:36). Nossa fé resistirá ao Juízo Final?
CONCLUSÃO
Paulo escreveu: “Examine-se o homem a si mesmo” (1Co 11:28). “Uma vida não examinada não é digna de ser vivida” (Sócrates). Portanto, NOSSA FÉ EM JESUS NOS CUSTOU ALGUMA COISA? Houve renúncia, abandono de pecado, sacrifício? NOSSA FÉ EM JESUS MUDOU A NOSSA VIDA? Somos ovelhas ou bodes? Nova criatura ou velho homem? Qual o tipo de fruto que produzimos? Obras da carne ou fruto do Espírito? NOSSA FÉ EM JESUS RESISTE ÀS TEMPESTADES? “Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus”? Nossa fé é “ainda que” como Habacuque e Jó, ou “por causa de”.
“Porque todo aquele que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé” (1Jo 5:4). Fé em Jesus!
terça-feira, 23 de agosto de 2011
AS INFIDELIDADES CRISTÃS AO CRISTIANISMO
As infidelidades ocorreram e, de certo modo, sempre ocorrerão no meio da cristandade. Elas são individuais ou coletivas e, apesar de incontáveis, difíceis de determinar. Representam desvios, em certo sentido estruturais, que constituíram afastamentos da fé ou das exigências dogmáticas e morais.
No começo do cristianismo já se observam desvios surpreendentes: a resistência dos judeus em aceitar Jesus como o Messias, a resistência à universalidade da mensagem do evangelho para além do “povo eleito”, a expectativa de um Messias político, a introdução dos conceitos filosóficos helênicos na fé, a busca do martírio como excesso de zelo ou desejo de perfeição, o aproveitamento pela igreja de certas estruturas políticas com uma aproximação perigosa aos poderes seculares, dentre outros. À medida que a igreja vai se consolidando, as tentações multiplicam. Vejamos.
Como instituição consolidada, a igreja começa a ter importância não só religiosa, mas, em certa medida, temporal: poder, riqueza, influência e interesses pessoais se assomam. As discussões teológicas, quando existem, se deixam influenciar por motivos que não são o respeito ao sentido justo da revelação. Há rivalidades, formação de grupos afins, vinculados a denominações, comunidades sociais ou tradições culturais, enfim, a vaidades pessoais. As soberbas humanas, desde o cisma entre Roma e Constantinopla, tomaram o centro do palco, transformando o cristianismo em uma imposição como um poder temporal. Estas atitudes, que levaram às guerras de religião, foram impetradas tanto por católicos quanto por protestantes. As conexões temporais, políticas ou de outro tipo que queiram chamar, foram decisivas nas guerras que tomaram a religião cristã como pretexto. O odium theologucum foi freqüente. As discussões foram muitas vezes mais partidárias do que intelectuais. É incalculável o dano que isso causou ao cristianismo, e que ainda tem causado.
Há outras formas mais modernas de infidelidade ao cristianismo. A “aversão” ao mundo, ou ao humano, tem sido uma recorrente tentação. O pretexto parece ser o mesmo: o rigor ascético, como se a criação de Deus fosse agora eleita como inimigo. Com isso, a igreja perde sua capacidade de ser “sal da terra e luz do mundo”, além de criar sub-culturas cristãs herméticas e preconceituosas. A perigosa aproximação aos poderes seculares e políticos parece-nos ser outra tentação. Ela é inquietante em dois sentidos: o primeiro, o servir-se deles em benefício de uma tendência ou interesse particular; o outro, depender desses poderes, ou seja, deixar-se utilizar ou manipular por eles. Não é isso que temos visto? Não há em nossos dias uma aproximação perigosa com estes “poderes”, utilizando-se de uma infundada desculpa de fazer avançar o reino de Deus? O que muitos destes querem é fazer avançar o seu império pessoal...
Contudo, a infidelidade mais grave que postulo talvez seja a que tem maior atualidade em nosso tempo: o esquecimento da outra vida. Para muitos, e por que não dizer para a grande maioria, hoje o mundo atual é o único horizonte possível. Como conseqüência de vários fatores, se foi dissipando a referência à vida eterna, a projeção para uma vida além da que existe. Com isso, essa situação reduziu Deus a uma simples referência nominal na qual mal se pensa. E quando se pensa, pensa-se para saciar a condição atual, esvaziando o cristianismo de um de seus mais sublimes e principais conteúdos. Esta é a situação de grande número de pessoas que se consideram cristãs: católicas, ortodoxas ou protestantes. Para elas, o céu é o limite, conquanto devesse ser o destino. Estas são, por enquanto, algumas infidelidades ao cristianismo que observo.
As infidelidades ocorreram e, de certo modo, sempre ocorrerão no meio da cristandade. Elas são individuais ou coletivas e, apesar de incontáveis, difíceis de determinar. Representam desvios, em certo sentido estruturais, que constituíram afastamentos da fé ou das exigências dogmáticas e morais.
No começo do cristianismo já se observam desvios surpreendentes: a resistência dos judeus em aceitar Jesus como o Messias, a resistência à universalidade da mensagem do evangelho para além do “povo eleito”, a expectativa de um Messias político, a introdução dos conceitos filosóficos helênicos na fé, a busca do martírio como excesso de zelo ou desejo de perfeição, o aproveitamento pela igreja de certas estruturas políticas com uma aproximação perigosa aos poderes seculares, dentre outros. À medida que a igreja vai se consolidando, as tentações multiplicam. Vejamos.
Como instituição consolidada, a igreja começa a ter importância não só religiosa, mas, em certa medida, temporal: poder, riqueza, influência e interesses pessoais se assomam. As discussões teológicas, quando existem, se deixam influenciar por motivos que não são o respeito ao sentido justo da revelação. Há rivalidades, formação de grupos afins, vinculados a denominações, comunidades sociais ou tradições culturais, enfim, a vaidades pessoais. As soberbas humanas, desde o cisma entre Roma e Constantinopla, tomaram o centro do palco, transformando o cristianismo em uma imposição como um poder temporal. Estas atitudes, que levaram às guerras de religião, foram impetradas tanto por católicos quanto por protestantes. As conexões temporais, políticas ou de outro tipo que queiram chamar, foram decisivas nas guerras que tomaram a religião cristã como pretexto. O odium theologucum foi freqüente. As discussões foram muitas vezes mais partidárias do que intelectuais. É incalculável o dano que isso causou ao cristianismo, e que ainda tem causado.
Há outras formas mais modernas de infidelidade ao cristianismo. A “aversão” ao mundo, ou ao humano, tem sido uma recorrente tentação. O pretexto parece ser o mesmo: o rigor ascético, como se a criação de Deus fosse agora eleita como inimigo. Com isso, a igreja perde sua capacidade de ser “sal da terra e luz do mundo”, além de criar sub-culturas cristãs herméticas e preconceituosas. A perigosa aproximação aos poderes seculares e políticos parece-nos ser outra tentação. Ela é inquietante em dois sentidos: o primeiro, o servir-se deles em benefício de uma tendência ou interesse particular; o outro, depender desses poderes, ou seja, deixar-se utilizar ou manipular por eles. Não é isso que temos visto? Não há em nossos dias uma aproximação perigosa com estes “poderes”, utilizando-se de uma infundada desculpa de fazer avançar o reino de Deus? O que muitos destes querem é fazer avançar o seu império pessoal...
Contudo, a infidelidade mais grave que postulo talvez seja a que tem maior atualidade em nosso tempo: o esquecimento da outra vida. Para muitos, e por que não dizer para a grande maioria, hoje o mundo atual é o único horizonte possível. Como conseqüência de vários fatores, se foi dissipando a referência à vida eterna, a projeção para uma vida além da que existe. Com isso, essa situação reduziu Deus a uma simples referência nominal na qual mal se pensa. E quando se pensa, pensa-se para saciar a condição atual, esvaziando o cristianismo de um de seus mais sublimes e principais conteúdos. Esta é a situação de grande número de pessoas que se consideram cristãs: católicas, ortodoxas ou protestantes. Para elas, o céu é o limite, conquanto devesse ser o destino. Estas são, por enquanto, algumas infidelidades ao cristianismo que observo.
sexta-feira, 5 de agosto de 2011
O VÉU RASGADO
Ao fim da paixão, com a morte de Jesus, encontramos a narrativa de um intrigante acontecimento: o véu do templo rasga-se em dois, de alto a baixo (Mt 27:51, Mc 15:38, Lc 23:45). Havendo dois véus no templo, aqui se entende provavelmente o interno, isto é, o véu que impedia as pessoas de ter acesso ao Santo dos Santos. Apenas uma vez por ano, o sumo sacerdote poderia atravessar o véu e apresentar-se na presença do Altíssimo.
Agora, no momento da morte de Jesus, esse véu que representa todo o sistema sacrificial e de culto do Velho Testamento rasga-se de alto a baixo. Qual o significado deste acontecimento? O que ele representa? Antes, porém, de observar seu significado, saibamos que o véu rasgado foi um acontecimento crucial. Como um divisor de águas, ele separa duas dispensações, a saber: a velha, da nova. Foi também um acontecimento inaugural, isto é, ele inaugura um novo tempo, uma nova época, um novo sistema, uma nova aliança. Mas, enfim, o que o véu rasgado significa?
Uma Nova mediação
Em primeiro lugar, o véu rasgado significa uma nova mediação. O véu rasgado significa que o período do antigo templo com os seus sacrifícios e rituais como sistema de culto terminou. No lugar dos símbolos e rituais, que eram instrumentos de mediação entre o homem e Deus, temos agora a própria realidade e o único Mediador: Jesus Cristo crucificado que nos reconcilia com o Pai.
Em sua primeira visita ao templo, conquanto nos dias de seu ministério terreno, Jesus vaticinou sobre o término deste antigo sistema de culto, quando declarou: “Eu destruirei este santuário, e em três dias o reconstruirei” (Jo 2:13-22). Jesus estava afirmando que o período deste templo com seus rituais e sacrifícios terminara, e que algo novo chegaria, relacionado com a sua morte e ressurreição.
O apóstolo Paulo, escrevendo a Timóteo, também fala da supremacia e da primazia de Cristo sobre o antigo sistema de mediação do judaísmo de sua época: “Porquanto há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus” (1Tm 2:5). Portanto, cuidemos de não introduzirmos outro mediador entre nós e Deus. Cristo é o único e suficiente Mediador, porque Ele é o único eficiente Mediador para nos conduzir a Deus!
Uma nova adoração
Em segundo lugar, o véu rasgado significa uma nova adoração. O rasgar-se do véu do templo significa que agora está aberto o acesso a Deus. Até então, o rosto de Deus estivera velado. Só por meio de sinais e uma vez por ano podia o sumo sacerdote colocar-se diante de Deus. Agora, o próprio Deus tirou o véu. Se em Moisés Deus nos ofereceu as “suas costas” (Ex 33:23), em Cristo Deus nos deu o seu rosto, sua vida e sua morte. O acesso a Deus está livre!
Esta sublime realidade é descrita de forma vívida no livro de Hebreus. Ele é o livro por excelência da supremacia de Cristo sobre as “sombras” (Cl 2:16,17) que o Velho Testamento descreve: Cristo é superior aos anjos (Hb 1), superior a Moisés (Hb 3), superior ao sábado (Hb 4), superior ao sacerdócio do VT (Hb 5), superior a antiga aliança (Hb 8) e superior aos sacrifícios e rituais da antiga aliança (Hb 9). O autor nos revela que, através do perfeito sacrifício de Cristo, “tenhamos, pois, intrepidez para entrar no Santo dos Santos, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que Ele nos consagrou pelo véu, isto é, pela sua carne” (Hb 10:19,20). O acesso a Deus foi aberto. O véu foi rasgado. O sangue foi derramado. A obra foi consumada. Agora, adoramos a Deus em espírito e em verdade (Jo 4:23). Esta é a adoração proposta por Cristo.
Cuidemos, pois, para não retornarmos às sombras, já que nos foi revelada a luz, a própria realidade: Cristo. Cuidemos de não oferecermos a Ele “fogo estranho” em nossa adoração. Nosso culto é realizado pela mediação de Cristo, isto é, através de Cristo e para Cristo. Hebreus nos instrui a oferecer a Deus “sacrifício de louvor” (Hb 13:15), e não introduzir em nossos cultos elementos rituais e sacrificiais pertencentes à velha aliança, pois estes cessaram em Cristo.
Cuidemos de ouvir as palavras inspiradas do apóstolo, que já em seus dias labutava contra o erro e a intolerância dos judaizantes que teimavam em introduzir elementos do antigo sistema no culto cristão: “Ninguém vos julgue por causa de comida e bebida, ou dia de festa, ou lua nova, ou sábados, porque tudo isso tem sido sombra das coisas que haviam de vir; porém a igreja é de Cristo” (Cl 2:16,17).
Ao fim da paixão, com a morte de Jesus, encontramos a narrativa de um intrigante acontecimento: o véu do templo rasga-se em dois, de alto a baixo (Mt 27:51, Mc 15:38, Lc 23:45). Havendo dois véus no templo, aqui se entende provavelmente o interno, isto é, o véu que impedia as pessoas de ter acesso ao Santo dos Santos. Apenas uma vez por ano, o sumo sacerdote poderia atravessar o véu e apresentar-se na presença do Altíssimo.
Agora, no momento da morte de Jesus, esse véu que representa todo o sistema sacrificial e de culto do Velho Testamento rasga-se de alto a baixo. Qual o significado deste acontecimento? O que ele representa? Antes, porém, de observar seu significado, saibamos que o véu rasgado foi um acontecimento crucial. Como um divisor de águas, ele separa duas dispensações, a saber: a velha, da nova. Foi também um acontecimento inaugural, isto é, ele inaugura um novo tempo, uma nova época, um novo sistema, uma nova aliança. Mas, enfim, o que o véu rasgado significa?
Uma Nova mediação
Em primeiro lugar, o véu rasgado significa uma nova mediação. O véu rasgado significa que o período do antigo templo com os seus sacrifícios e rituais como sistema de culto terminou. No lugar dos símbolos e rituais, que eram instrumentos de mediação entre o homem e Deus, temos agora a própria realidade e o único Mediador: Jesus Cristo crucificado que nos reconcilia com o Pai.
Em sua primeira visita ao templo, conquanto nos dias de seu ministério terreno, Jesus vaticinou sobre o término deste antigo sistema de culto, quando declarou: “Eu destruirei este santuário, e em três dias o reconstruirei” (Jo 2:13-22). Jesus estava afirmando que o período deste templo com seus rituais e sacrifícios terminara, e que algo novo chegaria, relacionado com a sua morte e ressurreição.
O apóstolo Paulo, escrevendo a Timóteo, também fala da supremacia e da primazia de Cristo sobre o antigo sistema de mediação do judaísmo de sua época: “Porquanto há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus” (1Tm 2:5). Portanto, cuidemos de não introduzirmos outro mediador entre nós e Deus. Cristo é o único e suficiente Mediador, porque Ele é o único eficiente Mediador para nos conduzir a Deus!
Uma nova adoração
Em segundo lugar, o véu rasgado significa uma nova adoração. O rasgar-se do véu do templo significa que agora está aberto o acesso a Deus. Até então, o rosto de Deus estivera velado. Só por meio de sinais e uma vez por ano podia o sumo sacerdote colocar-se diante de Deus. Agora, o próprio Deus tirou o véu. Se em Moisés Deus nos ofereceu as “suas costas” (Ex 33:23), em Cristo Deus nos deu o seu rosto, sua vida e sua morte. O acesso a Deus está livre!
Esta sublime realidade é descrita de forma vívida no livro de Hebreus. Ele é o livro por excelência da supremacia de Cristo sobre as “sombras” (Cl 2:16,17) que o Velho Testamento descreve: Cristo é superior aos anjos (Hb 1), superior a Moisés (Hb 3), superior ao sábado (Hb 4), superior ao sacerdócio do VT (Hb 5), superior a antiga aliança (Hb 8) e superior aos sacrifícios e rituais da antiga aliança (Hb 9). O autor nos revela que, através do perfeito sacrifício de Cristo, “tenhamos, pois, intrepidez para entrar no Santo dos Santos, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que Ele nos consagrou pelo véu, isto é, pela sua carne” (Hb 10:19,20). O acesso a Deus foi aberto. O véu foi rasgado. O sangue foi derramado. A obra foi consumada. Agora, adoramos a Deus em espírito e em verdade (Jo 4:23). Esta é a adoração proposta por Cristo.
Cuidemos, pois, para não retornarmos às sombras, já que nos foi revelada a luz, a própria realidade: Cristo. Cuidemos de não oferecermos a Ele “fogo estranho” em nossa adoração. Nosso culto é realizado pela mediação de Cristo, isto é, através de Cristo e para Cristo. Hebreus nos instrui a oferecer a Deus “sacrifício de louvor” (Hb 13:15), e não introduzir em nossos cultos elementos rituais e sacrificiais pertencentes à velha aliança, pois estes cessaram em Cristo.
Cuidemos de ouvir as palavras inspiradas do apóstolo, que já em seus dias labutava contra o erro e a intolerância dos judaizantes que teimavam em introduzir elementos do antigo sistema no culto cristão: “Ninguém vos julgue por causa de comida e bebida, ou dia de festa, ou lua nova, ou sábados, porque tudo isso tem sido sombra das coisas que haviam de vir; porém a igreja é de Cristo” (Cl 2:16,17).
sábado, 30 de julho de 2011
ELEMENTOS ESSENCIAIS QUE IDENTIFICAM A IGREJA DE CRISTO
João 15:1-16
INTRODUÇÃO
Cada local que conhecemos tem sua singularidade. São características que fazem do lugar único. Nessas férias de julho tive o privilégio de conhecer alguns lugares assim: marcados pela sua singularidade. Assim é o evangelho de João: singular. Há nele alguns elementos que o marcam como único e o destaca dos outros três (Mateus, Marcos e Lucas).
Uma das singularidades é a preocupação com a igreja. Ele deseja apontar quais são os elementos essenciais que a identificam como uma verdadeira igreja de Cristo. Isso está representado aqui neste texto sobre a “Videira Verdadeira”. Vejamos:
1. O primeiro elemento essencial que identifica a igreja é a sua união e permanência com Cristo (v 4).
A igreja de Cristo provém de sua união e permanência com Ele (a palavra “permanecer” ocorre dez vezes nestes dezesseis versos). Ela existe e subsiste devido a isso. O que faz da igreja ser igreja é que ela depende de sua união com Cristo para existir. Esta união e permanência mística é a base para qualquer realização lícita que a igreja venha desempenhar (v 5): “Sem mim, nada podeis fazer”. Sem isso, não há nada que glorifique a Deus, pelo contrário, serve apenas para ser lançado no fogo (v 6).
Permanecer com Cristo é permanecer na Sua Palavra (v 7). No sermão escatológico de Cristo, Ele fala da eternidade da Palavra (Mateus 24:35). “Passará o céu e a terra, porém as minhas palavras não passarão”. Ou seja, Jesus fala da permanência de Sua Palavra em contraste com a transitoriedade do mundo. A Palavra é eterna, enquanto o mundo é passageiro. Ele também fala da realidade absoluta de Sua Palavra em contraste com a relatividade do mundo. Cristo é o verdadeiro “fundamento” sob o qual a igreja e o homem devem estar e permanecer.
2. O segundo elemento essencial que identifica a igreja é a purificação e santificação por Cristo (v 1,2).
As religiões teimam em criar sistemas de purificação com a finalidade de dar ao homem a possibilidade do acesso a Deus, embora todas elas falhem. O que o evangelho trouxe à luz é que a pureza é um dom. É Cristo quem nos torna puros (Jo 13:10, Jo 17:3). É Ele quem declara: “Vós estais limpos”. É por meio de Sua bendita Palavra que a santificação ocorre (Jo 15:3, 17:17-19). É ela quem nos lava de toda imundícia do pecado e nos habilita a sermos “novas criaturas”.
Mas, como um dom, a pureza necessita de nossa cooperação. A santificação é um processo sinérgico, ou seja, há uma justa união entre o que Cristo faz e o que eu faço. Ela é um processo dinâmico de desenvolvimento do dom que recebemos de Cristo. Sem a santificação ninguém verá o Senhor, declarou o apóstolo Paulo. Isso significa que a fé genuína, posta agora em operação através da ação do Espírito Santo, santifica-nos a fim de sermos recebidos como servos bons e fiéis. A fé falsa, não.
3. O terceiro e último elemento essencial que identifica a igreja é a produção de fruto para Cristo (v 2,5,8,16).
A santificação não envolve apenas purificação, mas também missão (Jo 17:17-19). Significa que agora pertencemos a Deus para servi-Lo de todo o nosso coração. Significa uma nova destinação. Uma nova esfera de ação. O homem é destinado para Deus e não para si mesmo. Significa deixar de estar à disposição do homem e de seus interesses mundanos e colocar-se à disposição de Deus. À santificação segue-se a missão. O homem agora frutifica para Deus.
Há nele uma disposição para agradá-Lo e servi-Lo: (1) É uma disposição intensa (v 5): “Muito fruto”. (2) É uma disposição que glorifica a Deus (v 8): “Nisto é glorificado o Pai, em que deis muito fruto”. (3) É uma disposição permanente (v 16): “E o vosso fruto permaneça”. Dentre os frutos, o maior é o amor (v 12, 17, Jo 13:34,35). Aliás, o amor é a identidade do cristão.
CONCLUSÃO
1. A união e a permanência com Cristo nos habilita a ser igreja. A igreja advém de sua união com Cristo.
2. A purificação e santificação por Cristo nos capacita a ser igreja. A capacidade da igreja não provém de suas habilidades, mas de sua semelhança com Cristo.
3. A produção de frutos para Cristo nos disponibiliza a ser igreja. São através dos frutos que seremos reconhecidos.
Agora, notem: é com Cristo, por Cristo e para Cristo, “porque dEle, por Ele e para Ele são todas as coisas”. Amém!
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